Nós geógrafxs, da Associação de Geógrafos Brasileiros seção Rio de Janeiro (AGB-RJ), viemos a público declarar nosso apoio ao movimento de denúncia que se iniciou no dia 9 de maio de 2016 e foi realizado pelas alunas e ex alunas do Instituto de Geociências, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Através da #MeuGeógrafoSecreto, foram denunciadas no facebook e nos murais do Instituto de Geociências, condutas misóginas que, há anos, têm sido tratadas com aparente normalidade por parte do corpo docente. Na
ocasião, de forma organizada e articulada, diversas alunas relataram situações pelas quais passaram em suas relações com professores e colegas de curso. Pela grande adesão e pelo apoio recebido a cada nova postagem, entende-se que tais situações ocorrem com certa frequência, há anos, e são diluídas numa aparente normalidade, naturalizando hierarquias e violências silenciosas.
Sabe-se que esta não é uma peculiaridade somente de um instituto, ou de uma instituição. Tais condutas, infelizmente, são recorrentes em uma sociedade que se pretende modificar. Isto posto, é importante não silenciar este movimento, e sim, com seriedade, compreender os relatos das alunas como apelos para a necessidade de desinvisibilizar as estruturas de uma
sociedade desigual que se manifestam através de condutas naturalizadas em nosso cotidiano. Para serem dilapidadas, tais estruturas e condutas precisam ser, antes, (re)conhecidas.
A AGB-Rio entende que, instituições públicas de ensino têm certos compromissos para com a sociedade, e que um dos principais é rever, constantemente, os conhecimentos e as condutas que são geradas, a partir de fatos tais quais os relatados neste caso e, assim, orientá-los para a sociedade que se deseja construir. Se há o intuito de formar profissionais que atuem
em prol da construção de uma sociedade com menos desigualdades e opressões, é fundamental que as manifestações daquelas e daqueles que chamam atenção para problemas dentro das instituições sejam amplamente debatidos, e não silenciados.